A Teologia e a Revelação de Deus.

 Por Thiago Soares da Rocha

Teologia é o estudo sobre Deus. O Ser Inteligente, a Pessoa Amorosa que criou e governa todo o universo, desde tudo que existe até aquilo que não existe chamando-as a existência. Este ser Soberano, transcendente, não pode ser conhecido por acidente, antes pela Sua própria iniciativa de se revelar-se. Ou seja, Teologia é o estudo, a análise, a meditação da revelação que Deus fez e faz de si mesmo.

Existem duas formas de Deus se revelar. A primeira é a revelação geral, que é o conhecimento que Deus dá de si mesmo através da natureza. É o conhecimento que Deus dá a todos os homens de todos os tempos e de todos os lugares. A revelação geral pode se dividir em interna e externa. A revelação geral interna é a capacidade da consciência discernir a respeito de Deus, já a revelação geral externa é o conhecimento que Deus dá a si mesmo através da criação. A revelação geral é suficiente para a salvação porque através dela o ser humano torna-se indesculpável diante de Deus (Rm 1.20, Sl 8, 19.1, At 17). 

Embora Deus julgue a cada um segundo aquilo que recebeu, e que conhecimento equivale a responsabilidade, a revelação geral serve entretanto não para preparar o homem para uma teologia mais precisa, um relacionamento com Deus mais correto. A revelação geral serve de base para a revelação especial, que é o que Deus revela de si mesmo através de Sua Palavra. Se a criação pode deixar uma interrogação a respeito de Deus a Palavra de Deus vai clarear definitivamente quem é Deus e o que Ele é capaz de fazer. 

A revelação especial é Deus se revelando pela Sua Palavra e a Palavra de Deus é acompanhada ou precedida por um de seus atos. Deus se revela através de seus atos. Deus é um ser “vivo” que não se isolou da criação como prega o Deísmo, mas se envolve, interage e governa como prega o Teísmo. Deus age, Deus trabalha, e é através de seus atos acompanhado ou precedido pela Palavra interpretativa dos homens que Ele trouxe a nós a revelação especial, a mensagem direta. Logicamente esta palavra como comunicava a realidade Divina dentro da realidade humana deveria  ser transmitida em linguagem humana sendo porém de conteúdo divino, por isso Deus escolheu homens santos que  movidos pelo seu Espírito  registraram documentalmente a sua revelação a fim de perpetualizá-la na história humana. Este registro especial dos atos Divinos interpretados pela própria Palavra é chamada de Escrituras Sagradas. 

As Escrituras Sagradas é desta forma a Palavra de Deus. Não apenas pela sua origem, mas por alguns argumentos. As Escrituras reivindica sua inspiração (2 Tm 3.16). Não é o ser humano que atribui as Escrituras um valor elevadíssimo, antes é ela que requer este valor. O cumprimento de suas profecias é outra verdade que comprova sua natureza divina, pois humanamente falando seria impossível afirmar categoricamente o que aconteceria a 100 ou 200 ou até 1000 anos posteriores. Sua unidade na diversidade prova também que havia uma mente inteligente conduzindo o registro. As Escrituras foram produzidas por cerca de 40 autores, de níveis culturais diferentes, de lugares diferentes, de um contexto diferente, porém a sua mensagem é única, pois todas as idéias vieram do mesmo autor, Deus. As Escrituras é a única ferramenta capaz de mudar a natureza do homem. Caso aceite-a o homem pode ser transformado de um mero pecador mortal num filho eterno de Deus. 

A mensagem das Escrituras fala do Verbo que se fez carne. A Palavra de Deus encarnou-se na Pessoa de Jesus, o Cristo. Jesus Cristo é o Deus Filho. Sua vida, suas palavras e sua missão revelaram mais perfeitamente o Deus Pai. Ele é a expressão mais exata e mais perfeita de Deus. Quem vê Ele vê o Pai porque Ele e o Pai são um. Por isso conhecer Jesus Cristo é conhecer a Deus. Pelo menos naquilo que é possível, porque na realidade é impossível a criatura conhecer toda a plenitude do Criador. Deus sempre esteve e sempre estará além de tudo aquilo que pensamos a respeito Dele, mesmo que Ele mesmo tenha se revelado. Ao mergulharmos neste mistério encontramos um poço infinito que nunca terá fim, mas aí está nossa missão, nossa jornada, conhecer o Senhor e prosseguir em conhecê-lo (Os 6.3). Conhecer a Deus é a razão da criação, o propósito da existência, a maior satisfação da vida, “um privilégio santo e um dever sagrado”. 

Além de preencher o vazio existencial a teologia, ou o conhecimento de Deus interfere também no comportamento das pessoas. É o conhecimento que tem de Deus que definirá a prática cristã. É a teologia que direcionará o conjunto doutrinário, aquilo que se deve crê. É a separação entre a verdade e a mentira, o que é essencial do que não é essencial. É a teologia que direcionará também os códigos éticos e morais para a vida do indivíduo. O que é certo e o que é errado, o que convém e o que não convém. A teologia não é matéria para se restringir ao mundo das especulações, antes deve ser uma reflexão da vida real e o que Deus tem a ver com ela, Sua vontade, Seu plano, Seu Governo.

A Teologia, portanto tem algumas fontes. Embora umas sejam mais usadas do que outras e mais precisas. A  Bíblia, o universo e a história formam as fontes da observação humana para o que foi descoberto a respeito de Deus. Alguns destes observadores são chamados filósofos, outros profetas, mas na verdade cada ser humano tem um pensamento a respeito de Deus e este pensamento constitui-se em sua teologia. A teologia, portanto compreende desde uma conversa na praça até um debate acadêmico.

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