A preguiça intelectual na mídia e redes sociais


Em 2005, uma pesquisa feita pela NOP World, empresa norte-americana de consultoria, revelou que os brasileiros dedicavam apenas 5,2 horas por semana para a leitura, colocando o país em 27º lugar no ranking mundial, liderado pela Índia. Outra pesquisa, dessa vez divulgada pelo Ibope no ano passado, deixou em estado de alerta o mercado ao identificar que esses dados não mudaram muito, ou seja, os brasileiros continuam lendo pouco. Esse levantamento constatou que pouco mais da metade dos brasileiros, 55%, se consideram leitores e a média de tempo gasto com a leitura, anualmente, é 4,7 horas por semana.

Para avolumar o problema, existe uma realidade social que não a julgo por preguiça intelectual, mas talvez, falta de oportunidades devido a grande injustiça social operante no país. Em 2013, o Brasil registrou 13 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais -- contingente de pessoas que supera a população da cidade de São Paulo (11,8 milhões) e representa 8,3% do total de habitantes do país.

Vivemos em um país aonde boa parte da nossa população não sabe interpretar um texto corretamente, por mais simplório que este texto seja, entendo que a desigualdade e as oportunidades contribuem para isso, mas o fato é, em boa parte dos alfabetizados não há o interesse em saber os fatos na sua legitimidade, o famoso "buscar na fonte", e isso, por aqueles que divulgam a noticia, até mesmo pelos profissionais dos veículos de comunicação.

Nas Redes Sociais há uma "enxurrada" de teorias conspiratórias, descobertas secretas, histórias fantasmagóricas, contos sensacionalista. Diariamente, dezenas são criadas. Enfim, são bobagens disseminadas pela internet que, infelizmente, tem continuidade graças a nossa preguiça intelectual. Recebemos um e-mail ou uma mensagem no Whatzapp, deixamos de pesquisar a sua integridade e já encaminhamos a todos os nossos contatos. Resultado, mentiras e fantasias espalhadas como verdades absolutas.

Classifico como preguiça intelectual o comodismo e a inoperância cognitiva diante de qualquer atividade que requeira um pensamento mais elaborado, seja na leitura, pesquisa, interpretação ou analise de um texto, imagem ou fato. 

Repassar informações é muito mais fácil e cômodo que verificar, pesquisar e só depois dividir. E para muitos, o simples ato de encaminhar mensagem as livram da responsabilidade sobre a informação enviada. Quanto engano! Quando envio um email sou responsável pela informação que o acompanha, não importa se sou autor ou não. Erro por omissão. Peco pela preguiça.

Sejamos mais investigativos, ou menos preguiçosos. Acreditar em tudo que lemos como verdade absoluta se torna perigoso. 

Termino com José Saramago - "Estabeleceu-se e orientou-se uma tendência para a preguiça intelectual e nessa tendência os meios de comunicação têm uma responsabilidade." (El País, Madrid, 11 de Janeiro de 2001 In José Saramago nas Suas Palavras)

Webgrafia:Depois da Aula, ABDL

Comentários

  1. Grande verdade, o conteúdo desta mensagem é ricamente informativo, e ao mesmo tempo é de se lamentar que tal situação persista em nosso meio, pois um povo que não se importa em ler as notícias, as criticas e não investiga para saber se é verdadeiro ou falso, é um povo que não se importa com o que vier a acontecer no porvir. É pra sentir muito, muito mesmo, é pra se lamentar, e muito.

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