Jesus - O teólogo dos pobres, publicanos, “pecadores” e marginalizados.

Por Fábio Müller
A vida de Jesus serve de inspiração e modelo em todos os aspectos, por que não no âmbito do ensino?

É importante apontar que Jesus em sua época foi notavelmente um mestre em Israel. Haviam escolas rabínicas que serviam para educar desde a infância até a fase adulta.

"A escola fundamental que as crianças frequentavam na sinagoga era conhecida pelo nome de BeitHa Sêfer, isto é, A Casa do Livro. Ali aprendia-se a ler, escrever, fazer contas e falar em público. Memorização, repetição e resolução de problemas eram os métodos pedagógicos mais usados na ocasião.

As Escrituras, especialmente a Torá, formavam a base do ensino. O mestre e os alunos repetiam-na todos os dias, até que os textos ficassem bem memorizados. Os judeus do primeiro século estudavam, sobretudo, o Antigo Testamento. Para eles, aquele era sua principal fonte de ensino, aliás, tudo o que se aprendia partia das Escrituras. O cálculo matemático, por exemplo, era ensinado a partir do tempo de duração da vida dos patriarcas ou das profecias que incluem cronologia. A geografia era ilustrada nas guerras de Israel. Já a medicina, por meio das prescrições mosaicas, e assim por diante.

O período da escola primária ia dos cinco aos 12 ou 13 anos de idade. Depois, o aluno passava por um estágio mais avançado na Beit Midrash, ou Casa da Interpretação, que ficava em um lugar separado da sinagoga. Ali, o aluno poderia receber uma espécie de educação superior acompanhado por algum mestre da lei. De fato, estudar em uma Beit Midrash era um privilégio de poucos.

Assim, se um jovem quisesse avançar em seus estudos, deveria iniciar-se no mundo rabínico, no qual se tornaria um escriba ou doutor da lei. Para isso, ele deveria escolher como tutor um mestre ou rabino de renome e segui-lo, na condição de que o rabino aceitasse o aluno."
(Parte extraída do artigo - Evidencias de Deus do historiador Rodrigo Silva)

Nos evangelhos perceberemos que Jesus frequentava às sinagogas, expunha e discutia sobre as Escrituras nestes ambientes mais seletivos; porém, inúmeras vezes, é notado nos próprios Evangelhos Jesus tendo como público os pobres e marginalizados da sua época. Jesus democratizou o ensino, levando aqueles que não teriam condições de frequentarem ou serem aceitos pelos melhores rabinos, o melhor ensino, lecionado pelo melhor mestre.

É estranho pensarmos que hoje, os que tem Deus como objeto de estudo (teólogos), que percebem a vida e a obra de Jesus, estão em parte enclausurados dentro dos ambientes acadêmicos. São doutores para os doutores, mestres para os mestres. Ao que parece, o propósito não é o mesmo de Jesus. É legitimo se a intenção é esta, nada contra; porém, acredito que em termos de propósito, o de Jesus é superior. Democratizar o ensino, levá-lo aos que não são aceitos pelas “escolas rabínicas” dos nossos dias é sem dúvida uma proposta superior.

A didática de Jesus era na prática, a teoria praticada, assim também a sua avaliação. Jesus não é visto frequentemente nos prédios com os grandes auditórios, o seu púlpito era os barcos ancorados a beira mar, outrora, ensinava assentado à grama, ao ermo. O seu público, na sua maioria eram os “pecadores e publicanos”, designados assim pelos escribas e fariseus, os acadêmicos.

Esse era o mestre Jesus, o teólogo para os pobres, publicanos, “pecadores” e marginalizados.
Imagem: Sieger Köder

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