Viver - Um desafio nos dias atuais
Por Fábio Müller
Quando olhamos uma fotografia o saudosismo bate na porta do coração, a saudade está ali para nos lembrar de que um dia foi diferente. Que sentávamos na calçada para bater papo. Que íamos para a lanchonete para jogar conversa fora. Que sentávamos à mesa ao lado da família que tanto amamos. A saudade está ali, a calçada, a lanchonete, a mesa. O que mudou? Nós. Nós mudamos.
A
insatisfação com a vida tem feito parte da rotina de boa parte dos seres
humanos nos dias atuais. Através de uma reflexão nos damos conta que somos
também responsáveis por esta insatisfação, que por vezes é resultado do
erro de tentarmos preencher o vazio das expectativas que nós
mesmos criamos. Consequentemente desconsideramos completamente as chances de dar errado
aquilo que planejamos. Quando não acontece da forma como queríamos surge a
frustração, e dificilmente sabemos lidar com a mesma, pois também nos
falta resiliência (capacidade de o indivíduo lidar com problemas,
adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações
adversas).
Há ainda
outro agravante, o de tentar alcançar o modelo que a sociedade nos
oferece. Os padrões de estética e de sorrisos (por vezes falsos) nas redes
sociais; os padrões pelos bens de consumo (a terrível sensação de sermos
aceitos por aquilo que possuímos); a pressão pelo curso superior e concursos para
“ser alguém na vida”; a velocidade pelas respostas desejadas em um mundo de
carros, aviões, comidas rápidas, redes sociais, microondas, autoatendimento, lanchinhos, da música que não se pode
demorar, dos filmes de uma hora e meia, das cargas horárias de trabalho
altíssimas. Tudo isso vem nos consumindo. Não paramos mais. Não contemplamos
mais a vida. Nos tornamos insatisfeitos.
Não é
de se estranhar que o aumento das doenças psicossomáticas como angústias,
ansiedade e depressão tem tomado números cada vez mais alarmantes. Precisamos
parar, pois senão, seremos parados. Nossos corpos não irão resistir.
Em
outras palavras vivemos numa sociedade que não quer se satisfazer, e esta
insatisfação tem gerado muitas dores emocionais. A velocidade e as pressões nos
impedem de sentir cada sabor, de apreciar cada som, de admirar cada tonalidade
das cores. A velocidade de querer se saciar a qualquer preço nos fazem perder
momentos preciosos com as pessoas, não importa quanto são importantes para
nossas vidas. A velocidade é uma ladra, que rouba o tempo com nossos filhos,
nossos pais, nossos irmãos, nossos parentes, nossos amigos e pessoas a quem
amamos.
Quando olhamos uma fotografia o saudosismo bate na porta do coração, a saudade está ali para nos lembrar de que um dia foi diferente. Que sentávamos na calçada para bater papo. Que íamos para a lanchonete para jogar conversa fora. Que sentávamos à mesa ao lado da família que tanto amamos. A saudade está ali, a calçada, a lanchonete, a mesa. O que mudou? Nós. Nós mudamos.
Precisamos
retornar, o caminho não é sem volta. Precisamos voltar a contemplar a vida,
sentar na praça e ver gente passando. Procuramos propósito em tudo, e talvez
esse seja o maior propósito da vida, viver. Estamos deixando de viver.
Gosto
muito das palavras de Jesus no evangelho de Mateus 6:34, é um alento para minha
alma.
“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã
cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” A proposta de Jesus nos evangelhos é uma vida sem pressa,
pois Nele a vida é eterna. Temos toda a eternidade, para quê a pressa?
Respiremos
a eternidade. Viva a vida!
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