Ricos pobres, pobres ricos.
Adam Smith, foi um filósofo e economista britânico nascido na Escócia. Considerado um dos pais da economia moderna, e talvez o mais importante teórico do liberalismo econômico.
A ideologia liberal defendida por Adam tinha o indivíduo como peça central de toda a dinâmica econômica, o que significa que o maior número possível de decisões econômicas são tomadas por indivíduos e não por instituições ou organizações coletivas. Este sustentava que todo o padrão da vida estava baseado no que chamava de a divisão do trabalho. Adam queria dizer que a vida só pode avançar quando cada um tem uma tarefa e a realiza e quando os resultados reunidos de todas as tarefas chegam a ser de domínio comum. O sapateiro faz sapatos, o padeiro pão, o alfaiate trajes; cada um leva a cabo sua própria tarefa e quando cada um se dedica a seu trabalho e o realiza com eficiência, o resultado é o bem total de toda a comunidade. Adam Smith ilustrou bem seu pensamento ao afirmar: "não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu autointeresse". Analisando as sentenças de Adam, me veio as perguntas - Vale a pena viver assim? O que deve me mover são as minhas ambições individualistas, ainda que o coletivo seja beneficiado por isso?
Em resposta as perguntas acima, e levando em consideração todas as referências que tenho, fico com o não. O meu não sofre inferências da educação que tive, da bíblia que leio, e das pessoas que servem para mim como um norte.
Em primeiro ponto, não consigo enxergar uma sociedade sem a ideia de comunidade, ou seja, uma realidade que seja comum a todos. Eu não encontro dificuldades em pensar que alguém tenha condições de comer caviar em um belo restaurante em Paris. O que me inquieta é observar que um outro ser humano, semelhante ao que come caviar em um belo restaurante em Paris, está do lado de fora, deste mesmo restaurante, vasculhando o lixo procurando o que comer. Quando caímos na cegueira da ambição individualista, esquecemos do outro, não temos mais semelhantes, temos concorrentes, rivais, empregados, prestadores de serviços e nos esquecemos do ser humano que está ali, não escondido, mas não percebido devido à nossa cegueira.
Em segundo, não penso que o ganho econômico deva ser o primeiro ideal de qualquer atividade. Viver assim para mim é prisão. O viver para si mesmo sem pensar no bem estar do outro é opressor, é viver a vida correndo atrás do vento.
Para ilustrar o que penso contarei duas histórias:
Em Ponte Nova - MG, na cidade onde nasci, havia uma música cantada por muitos, em tom de brincadeira, que foi feita para relatar uma realidade atípica de um médico famoso na cidade chamado Abdalla Felício, a canção dizia: “ Rala, rala, rala, coitado do Abdalla, sobe o morro, desce o morro, carregando a sua mala, e no final do mês ninguém paga o Abdalla”. O interessante da canção, é que mesmo sem receber monetariamente, o Dr. Abdalla continuava subindo o morro, pois era pago com sorrisos. Talvez você me perguntaria: - Mas quem vive somente de sorrisos? E eu lhe responderia com outra pergunta: - Mas quem vive somente de dinheiro?
A segunda história foi vivida por mim mesmo ao lado da minha esposa. Estávamos em Alto Caparaó - MG, comemorando o nosso aniversário de casamento. Noite fria, a fome bateu, saímos da pousada onde estávamos para comprar algo para comermos. Encontramos uma pizzaria aberta, a maioria dos lugares já estavam fechados. Entramos na pizzaria, estava vazia, o dono veio nos atender, um paulista bom de conversa, fomos bem recebidos e pedimos uma pizza portuguesa. Eu e minha esposa nos assentamos e começamos a conversar, enquanto isto, o paulista estava na cozinha preparando nossa pizza. Passado um tempo, veio ele avisando que a pizza estava pronta, e nós devido ao frio, pedimos para que ele embrulhasse pois comeríamos na pousada. O semblante dele caiu, e de todo modo tentou nos convencer a ficar, me lembro até hoje do seu argumento: "Coma aqui, a pizza é feita com presunto, se eu a embrulhar o presunto vai aguar e vai acabar com o sabor da pizza". Confesso que fiquei pensando: “ gente eu estou pagando pela pizza, eu como onde quiser”. Mente pequena a minha, não se tratava de dinheiro, aquele pizzaiolo não foi para a cozinha para fazer uma pizza pensando no dinheiro, apesar de precisar dele. O interesse daquele homem estava na satisfação que ele poderia nos proporcionar através do dom que ele tinha de fazer pizza, isso ficou claro para mim na sua insistência para ficarmos. Fomos convencidos por ele, ficamos, comemos a pizza, batemos papo, e o valor que paguei e o que ele recebeu ficou em segundo plano, nunca vou me esquecer desta experiência.
Não sei se minha forma de pensar economia faria alguém ficar rico monetariamente, penso que não, as possibilidades seriam poucas, mas acredito que talvez as pessoas seriam mais ricas de vida. Haveriam mais sorrisos, abraços, as pessoas se falariam mais, a vida seria mais leve e mais compartilhada, o dinheiro seria servo, e o mundo menos avarento.
A vida é breve, viver a vida em busca de realizações transitórias, e empregar toda a força para adquirir bens sem receber um sorriso é suicídio, parcelado, fragmentado, que tem na sua última parcela a palavra solidão. Viva a vida!
A vida é breve, viver a vida em busca de realizações transitórias, e empregar toda a força para adquirir bens sem receber um sorriso é suicídio, parcelado, fragmentado, que tem na sua última parcela a palavra solidão. Viva a vida!
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